sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os anos ímpares... Ahhh... Os anos ímpares!

É sempre assim...
Fim de ano pra mim, há tempos, é sinônimo de nostalgia. Os dias tornam-se mais longos... E o meu pensamento viaja pelos outros trezentos e sessenta dias (mais ou menos, já que é na última semana que começam as reflexões).
E haja pensamento pra esse 2011... A minha teoria de que A MINHA VIDA ACONTECE NOS ANOS ÍMPARES acaba de ser confirmada. Ahhhh 20011... Tudo aconteceu nesse ano!

Vou tentar resumir pra vocês...
Nas férias, em janeiro, cheguei a pensar em "dar uma reviravolta"... Recebi uma proposta de emprego, em outra emissora, também no interior de São Paulo. Fiquei tentada... Era hora de abandonar uma vida cômoda, ao lado da família, numa cidade onde eu conhecia todos e todos me conheciam?
Exitei!
Agradeci a proposta. E voltei ao trabalho. Ali, onde já tinha feito de tudo e me sentia segura. Afinal, no dia 12 de março completariam dez anos... É, dez anos de TV Fronteira! Dez anos que comecei a dar os primeiros passos no jornalismo, ainda como estagiária... Como aprendi com todos ali! Marcos Gomide... Flávia Marsola... Bete Gásperi... Lélio Pagioro... Honório Jacometto... Luciano Vieira... Celso Alípio... Mário Marins... Leila Tonicante... Fernando Schwarz... Paula Raccanello...  Nelson Ocanha... Rildo Herrera...E muitos, muitos outros!
Sim... Com eles aprendi a editar imagens... Operar áudio... Fazer pautas... Fazer reportagens... Editar as reportagens... Apresentar jornal. Aprendi um pouquinho a ser jornalista!!!
Então, pra quê trocar o que EU ACHAVA QUE ERA CERTO pelo que EU ACHAVA QUE ERA DUVIDOSO? Decidi que não mais me abriria para propostas e que trabalharia "para sempre" em Presidente Prudente. Decidi isso em janeiro de 2011... Sem saber que os planos de Deus para a minha vida eram muito maiores!

Era uma sexta-feira... 29 de abril... Seis e meia da tarde... Falava com o Rildo no msn quando o meu telefone tocou. Era o meu gerente, avisando-me que a minha missão na TV Fronteira estava cumprida! O ciclo de dez anos era encerrado!
E três dias depois, o novo ciclo começava...
Quem tem um amigo, tem tudo! Carolina Costa me entende... Sempre!!!
Eu não decidi... Deus decidiu por mim! E me levou por caminhos trilhados por Ele!

Paranavaí...
RPC TV...
As portas estavam abertas pra começar tudo de novo! Aprender... Conhecer...
Lembro-me do primeiro dia que entrei na emissora pra acertar a contratação. E lembro-me também do primeiro dia que entreia, já para trabalhar... O primeiro vt foi sobre as mudanças no trânsito da cidade.


Confesso que os primeiros passos não foram fáceis. A insegurança... O frio na barriga... Coisas que já não mais faziam parte da minha rotina. Tudo voltou! Era preciso PROVAR TUDO DE NOVO!!!
Conquistar as pessoas... Profissional e pessoalmente. É, eu sou assim: não acho que colega de trabalho é colega de trabalho e amigo é amigo. Pra mim, dá sim pra ser amigo do colega de trabalho! E eu gosto disso!!!
Aos poucos foi dando certo.
O período de euforia... De adaptação, passou!
Estou feliz! Sou respeitada! E faço planos... De crescimento profissional e pessoal!
Um ano de acontecimentos se encerra daqui a um dia...
Um ano de ACONTECIMENTOS começa daqui a um dia!
E já começa com novos desafios...

Tudo bem que os novos desafios vão esperar mais três dias... Só pra quando terminar a minha folga...
Afinal, eu mereço...
2011 não foi nada fácil!!!

domingo, 6 de novembro de 2011

Jornalista que vira notícia.

Um dia cinza... Triste!
Talvez pra alguns seja difícil entender como a morte de um "desconhecido" pode afetar assim a nossa vida. Acabar com a graça do nosso domingo! Pra esses, eu digo: "Basta pensar que ele, Gelson Domingos, 46 anos, morreu fazendo o que mais gostava, como todos nós fazemos todos os dias... Basta pensar que ele deixou uma família, filhos, netos... Basta pensar que ele engrossa estatísticas tristes do nosso país dominado pelo tráfico de drogas."
Sinto o coração pequeno e apertado. O cinegrafista da Band saiu de casa para trabalhar num domingo e jamais voltará. Ele usava colete a prova de bala... O projétil veio de um fuzil e atravessou a proteção. Morreu com um tiro no peito, durante uma operação do BOPE no conjunto Antares, na zona Oeste do Rio de Janeiro.

Impotência... Essa é a sensação mais uma vez.  Em 2002 foi a morte de Tim Lopes que nos fez parar pra pensar. O repórter daTV Globo foi sequestrado e condenado à morte pelo Tribunal do Tráfico, na Vila Cruzeiro, também no Rio de Janeiro. E daí, mudamos de estado... E lembramos do sequestro do jovem jornalista Guilherme Portanova, em agosto de 2006. Ele foi levado de uma padaria perto da TV Globo, em São Paulo, junto com o auxiliar Alexandre Calado, por integrantes do Primeiro Comando da Capital, o PCC.
Uma vida por uma mensagem na rede de televisão mais importante do país... Uma das maiores do mundo. O auxiliar foi libertado e, com ele, um vídeo com a mensagem que deveria ser exibida pela Rede Globo... Só assim Portanova seria visto novamente com vida. E assim foi!
Lembro-me bem como foi difícil entrar na viatura da TV e sair pra fazer reportagens, neste dia, na região com a maior concentração de presídios do estado de São Paulo - a região de Presidente Prudente. É alí que estão as penitenciárias de segurança máxima de Presidente Venceslau, o tão temido RDD - o presídio com o Regime Disciplinar Diferenciado... Aquele regime em que os presos "não têm regalias", que funciona na pequena cidade de Presidente Bernardes.
Era pra lá que a cúpula da segurança pública do estado queria transferir os chefes do PCC, em maio daquele ano, para evitar uma já prevista rebelião coletiva. A justiça não autorizou. E todos foram levados para um único presídio, em Presidente Venceslau... Mais de setecentos homens. A ideia era isolar pra tentar controlá-los melhor. Equipes e mais equipes de reportagem pra dar conta de mostrar a megaoperação de transferência de todos eles, no dia 11 de maio, uma quinta-feira, três dias antes do Dia das Mães. Era para esse domingo que estava programada a megarrebelião.

Insatisfeitos, os presos não demoraram pra se organizar... E o medo assolou o estado mais rico e mais desenvolvido do país. Na noite de sexta-feira começaram os ataques... Na capital e no interior. Delegacias, postos da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, órgãos públicos. Dias de terror pra toda a população. Nas primeiras vinte e quatro horas de ataques, em 58 atentados, contavam-se entre os mortos, 12 PMs, 6 policiais civis, 3 guardas metropolitanos, 4 agentes penitenciários e 4 criminosos.
Beneficiados pelo calendário, os criminosos ganharam reforço. 12 mil presos conseguiram o direito de sair temporariamente das penitenciárias para "passar o dia das mães em casa". Não se sabe quantos deles foram para as ruas aterrorizar o Estado.

Confesso que participar da cobertura desses fatos foi marcante... Digo mais: um privilégio. Lembro-me bem de estar em casa, com roupa velha, sabe?! aquelas bem confortáveis... Sentada no chão, brincando com a minha filha, que ainda não tinha um ano. O telefone tocou: "Tici, precisamos de você! A delegacia de Dracena virou alvo dos ataques." Em poucos minutos,lá estava eu, prontinha. Uma viagem de mais ou menos 100km. Alguns minutos de gravação... Depoimentos de moradores de uma cidade do interior, calma, tranquila, que viam alí, no quintal de casa, cenas que só tinham visto pela TV...
É, pela TV! É assim, a gente vai... Deixa tudo e todos em casa, pra mostrar coisas boas e ruins para os telespectadores. É por amor... É pelo dom que Deus nos deu de noticiar... Mas, infelizmente, em alguns casos, o JORNALISTA está virando NOTÍCIA!!!

Pra saber:
Para a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), 2011 se converteu no ano mais trágico para a imprensa latino-americana em 20 anos. Foram mortos 19 jornalistas nesse continente, até julho. O México continua sendo o país mais perigoso da América para jornalistas. Lá 66 foram mortos e 12 desaparecidos na última década. São vítimas diretas dos grupos armados que assaltaram o país.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Os dois lados de Finados...

Sete da manhã e o despertador tocou mais uma vez...
Na sacada do quarto era possível ver um sol maravilhoso e sentir o ventinho gelado... Promessas de um dia com tempo agradável. Logo pensei: em Paranavaí não costuma chover no dia de Finados, como em quase todos os anos em que trabalhei em Presidente Prudente nesta data?
É, este ano tudo parecia mesmo diferente... Por fora e por dentro! No mundo... E no MEU mundo!!!
Cemitério municipal lotado... Pessoas de todas as idades, com todos os tipos de comportamentos. Nos túmulos, famílias inteiras reunidas. Tinha também orações solitárias... Missa... E no cruzeiro, o cheiro e o calor que vinham das milhares de velas acesas trouxeram lembranças... Trouxeram saudade! Mas não havia tempo pra isso! Era hora de trabalhar... Garimpar boas entrevistas... Fechar vt e me preparar para um AO VIVO direto do cemitério.
Como aqui dentro também pulsa um coração cheio de sentimentos, na entrevista com a dona Dolores, que perdeu o marido há pouco tempo e estava pela segunda vez aos pés do túmulo dele só no dia de hoje, senti os olhos cheios de lágrimas... Respirei fundo... Engoli seco... Não podia borrar a maquiagem!!!
Então, maquiagem intacta... Roupa impecavelmente engomada... Parei por alguns minutos sob a tenda montada para as missas... Onze e pouco da manhã e eu teria um minuto e meio de link. É, um minuto e meio pra falar, ao vivo, sobre a movimentação, sobre tudo o que aconteceu durante a manhã alí, no cemitério de Paranavaí. Elaborei um texto, meio alheia a toda a emoção que envolvia aquelas pessoas... Algumas paravam pra me olhar "falando sozinha"... É, eu gosto de falar enquanto escrevo!
Enfim, meio dia, jornal no ar... E tudo certo! Foi só mais um link!!!
Já na redação, resolvi ouvir novamente as sonoras (as entrevistas). E daí... Daí comecei a perder toda AQUELA FORÇA DE REPÓRTER... Ficou difícil escrever o texto da reportagem da segunda edição do jornal. A voz embargou... E já não foi possível controlar as lágrimas. Sozinha na redação, elas escorreram pelo rosto! Um misto de saudade... "Saudade daqueles que já se foram"... Exatamente como eu havia ouvido de todos os meus entrevistados durante a manhã!
Parece que esse sentimento fica ainda mais pesado quando não estamos perto daqueles que ainda estão por aqui. É mais difícil enfrentar a saudade dos que morreram, quando estamos longe dos que ainda vivem!!!
Demorei... Muito mais do que demoro normalmente pra deixar o texto prontinho e gravado. Foi difícil escrever... Organizar as ideias. Nesta hora, já tinha a companhia de dois colegas de trabalho. E quando achei que estava saindo, sem que ninguém percebesse a fragilidade da "repórter que também sofre", eis que Marcelo Baraldi, diretor de TV e dono de uma sensibilidade gigantesca, pergunta-me: "Tici, você está bem?"
Já com a bolsa numa mão, a chave do carro na outra e, mais uma vez, com os olhos brilhando, cheios de lágrimas, respondi: "Não, não estou muito bem não."  Ele continuou: "Eu percebi desde quando você chegou!" Não continuei a conversa... E saí...
Saí com uma certeza: Tenho e quero ter sempre sentimento... Não quero me acostumar com notícias ruins... Quero indignar-me com as injustiças... Quero sofrer com as tragédias. Mas quero também conseguir controlar essa mistura de sentimentos, pra que seja possível relatar tudo a vocês...
Do jeitinho que tem que ser!!!

http://g1.globo.com/videos/parana/v/milhares-de-pessoas-visitam-os-cemiterios-neste-dia-de-finados/1683112/#/ParanáTV2/Paranavaí/20111102/page/1

sábado, 22 de outubro de 2011

... Com vocês... Pra vocês!!!

Olá amados seguidores!
Aqui, mais uma ferramenta... Mais um cantinho só nosso!
Pelo blog, vocês poderão acompanhar um pouco mais da minha rotina...
A ideia, a princípio, é compartilhar histórias do cotidiano... Da vida de repórter... E essa vida por si já nos reserva bons papos!
Confesso que o desafio é grande... E já conto um segredo: não sou das mais hábeis no mundo virtual... (Aceito dicas... rsrs)
Agora é só divulgar o ticianeoliveira.blogspot.com!
Sejam todos muito bem vindos!!!

... Era pra ser só mais uma sessão ordinária...

Era pra ser só mais uma sessão ordinária, na Câmara de Paranavaí. Em pauta: número de vereadores para a próxima legislatura. 10 ou 13???
Plenário cheio... Lideranças... Pessoas da comunidade. Antes mesmo do início da sessão, manifestações... Muitos queriam a permanência do número de cadeiras. Muitos outros queriam treze, dezessete representantes no legislativo.
A votação foi rápida. Apenas um voto contra a emenda... Uma abstenção... E por oito votos a um a emenda foi aprovada! Dez vereadores serão eleitos no ano que vem em Paranavaí. Tudo muito rápido...
E eu já me preparava pra ir embora, quando ouvi: "Taciane, vem aqui... Nós amamos você!" Era a dona Lurdinha e o filho, de seis anos. Eu nunca a tinha visto... Embora ela tenha falado meu nome errado, vi nos olhos daquela senhora simples, do bairro Simone II, sinceridade... Ganhei a noite!!! E ela disse mais: "Meu filho adora quando você aparece na TV falando sobre as coisas da nossa cidade".
Agradeci, pedi que Deus a abençoasse e me despedi...
Me despedi, mais uma vez, com a sensação de dever cumprido!